“Bem-vindo à época das mudanças exponenciais, o melhor momento para alguém viver…Parabéns pelas vitórias que levaram você até este ponto de sua carreira, mas gostaria de avisar que essas habilidades já estão desatualizadas.” Este trecho do livro Organizações Exponenciais, escrito pelos autores Ismail Salim, S.Malone Michael e Van Geest Yuri (Singularity University) não é recente, mas é válido. Data de 2014.
Sim, está cada vez mais difícil comunicar uma marca. E mesmo quem faz bem, tem o desafio de continuar performando com ótimos resultados. Afinal, assim é o nosso mundo, sempre cobrando dois dígitos de crescimento a cada ano, certo?
Ao completar 30 anos de carreira na área da comunicação, nunca respondi a tantas perguntas diferentes de clientes e interessados no tema que se resume em uma só questão: “por que a comunicação corporativa ficou tão complexa? “
Assim como a tecnologia entrou em nossas vidas por todos os cantos, a comunicação também passou por mudanças exponenciais, mas parece que a “ficha não caiu” para muitas pessoas. Mais do que isso, somente ler, assistir a palestras ou estudar sobre um determinado assunto já não está sendo o suficiente. Pois é. Tudo digital, tudo zap zap, tudo via feed, tudo naquela apresentação maravilhosa, mas na vida real, de resultados, entramos na boa e conhecida era do “Mão na Massa”: aprender, praticar, acertar / errar e continuar aprimorando. Tudo ficou muito acelerado sim.
É neste momento que a teoria fica menos bonita. Entram em cena:
Aquelas variáveis não previstas;
Os testes A/B;
Algoritmos invisíveis (que poucos entendem);
Desenhos detalhados de personas (que muitas vezes viram caricaturas);
Canais e plataformas atuais e novas;
A disciplina de monge para ver se tudo está funcionando, se os KPIs estão positivos ou não;
A prova de fogo se realmente as metas foram bem calibradas, lá na reunião de planejamento;
O termômetro para medir se os profissionais contratados e clientes estão na mesma calibragem de conhecimento;
E assim vai…
Junto com a complexidade da comunicação, vem a dificuldade em se coletar o briefing. As técnicas para isso não mudaram, mas a clareza sim. Com tanto conhecimento para digerir, o que afinal a comunicação de uma marca exige para determinado momento? Cada vez mais a bagagem consultiva tem feito diferença para ajudar as marcas a desenharem um briefing assertivo ou menos errado. É uma atividade árdua para os dois lados, tanto para quem contrata, quanto para quem sugere os melhores caminhos.
Mas afinal, por que a comunicação ficou complexa? Na minha particular visão, porque:
O certo hoje pode durar pouco ou às vezes nem funciona mais;
A necessidade de atualização não permite pausas na nossa carreira;
É preciso praticar mais o que foi aprendido (muito) e criar conexões com o passado;
A expertise acumulada precisa sempre ser revitalizada;
Os conceitos da comunicação de cada marca exigem revisão constante;
Novidades tecnológicas não param de surgir;
Tecnologias não param de morrer;
Propor parcerias exige [+] flexibilidade;
O planejamento merece [+] revisões, porém o tempo é [+] curto;
Os budgets são [+] enxutos e os desafios são maiores;
Experimentar é necessário, mas nem sempre é bem aceito.