A importância de ir além da audiência no investimento em espaços de mídia digital

A importância de ir além da audiência no investimento em espaços de mídia digital

O crescimento dos canais digitais segmentados tem acompanhado os avanços da tecnologia, trazendo mais formatos, mais segmentos, mais nichos e, infelizmente, mais insegurança, ineficiência e fraudes.

A concorrência é acirrada e quando elementos que obscurecem os resultados entram em jogo – especialmente técnicas que criam dados ilusórios -, o cenário se torna ainda mais complexo e delicado.

“Carros em SP são vendidos quase de graça”, “invista 200 reais e garanta 17 mil”; esses anúncios sensacionalistas são comuns em grandes canais de imprensa e plataformas independentes, mas raramente paramos para questionar a engenharia por trás dessas ofertas.

Vamos ao processo: você negocia com uma DSP (Demand Side Platform), empresa que constrói e negocia inventários em espaços de mídia em diversos canais. Suponha que sua empresa é do ramo automotivo e, portanto, você busca uma audiência interessada em veículos. A empresa de mídia apresenta um número potencial de pessoas, alinhado com o perfil do seu público, e os formatos regulares e especiais que podem ser utilizados. O pacote de campanha é fechado, as peças vão ao ar e agora é só esperar pelos resultados.

Mas espera! Antes de celebrar, é crucial perguntar: “como esses perfis foram construídos?”. Geralmente são definidos pelo comportamento de usuários em canais mais específicos sobre o assunto. No entanto, muitos desses canais são “inflados” não apenas por cliques humanos em anúncios sensacionalistas, mas também por bots e outras práticas fraudulentas.

Em 2023, cerca de 38% do tráfego na internet no mundo foi gerado por bots, sendo 24% deles classificados como ‘bots ruins’, envolvidos em fraudes, marcando um aumento significativo na atividade fraudulenta comparado a anos anteriores. Essas interações são particularmente nocivas para campanhas pay-per-click: estima-se que 14% dos cliques não sejam autênticos, prejudicando o retorno sobre investimento dos anunciantes. Cliques fraudulentos causam prejuízos financeiros e também corrompem as métricas de análise de comportamento do consumidor, comprometendo a eficácia das estratégias publicitárias.

Embora a grande maioria das DSPs e plataformas de mídia mantenha altos padrões, continuamente auditando seus canais para detectar sinais de tráfego fraudulento – como bots, clickbait e padrões de ‘fazendas de cliques’ (humanos que agem como bots), é crucial realizar uma avaliação minuciosa dos potenciais parceiros e seu inventário. Além disso, é importante também iniciar a divulgação em novos canais com investimentos menores, escalando o gasto conforme os resultados forem se mostrando consistentes. Esses cuidados aumentam a segurança na compra de espaços de mídia e evitam que campanhas que parecem bem-sucedidas se revelem, depois, como fracassos disfarçados.

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Jair Tavares
Jair Tavares

Cofundador e Head B2C da Agência Pólvora

Há mais de 24 anos contribui com sua experiência em planejamento de marketing, branding e Inteligência Competitiva para ajudar empresas no segmento B2C a atingirem seus objetivos estratégicos.