Como a Inteligência Artificial pode ajudar o marketing digital por meio da personalização

O conceito de Inteligência Artificial (IA) não é novo. Já se passaram quase 70 anos desde que o termo foi cunhado, com as pesquisas e desenvolvimentos passando por altos e baixos até chegar aos dias atuais, em que a verdadeira revolução da IA vem ocorrendo. Impulsionada por avanços tecnológicos significativos como o aumento exponencial na capacidade computacional e evolução dos algoritmos, a IA emergiu como uma ferramenta essencial para compreender e prever o comportamento dos consumidores, tornando-se indispensável para estratégias de marketing eficazes.

Neste artigo, abordaremos como a personalização tem se beneficiado desses avanços, moldando o futuro do marketing digital, por meio da criação de experiências únicas e relevantes. Também exploraremos os desafios e oportunidades que essa tecnologia apresenta, e como as empresas podem alavancar a Ia para construir relacionamentos mais profundos e duradouros com seus clientes.

Evolução da IA e sua relação com o marketing digital

Desde que o termo foi cunhado, pesquisas no campo da IA não pararam mais, embora em ritmos diferentes. Por exemplo, houve períodos de frustração, como o famoso “inverno da IA” entre as décadas de 1960 e 1980, em que as pesquisas não evoluíram muito. Mas os últimos 15 anos representaram uma reviravolta no cenário.

Entre 2010 e 2020, a IA não apenas replicou habilidades humanas, mas as superou em áreas como reconhecimento de imagens e processamento de linguagem natural. Isso foi impulsionado pelo aumento exponencial na capacidade computacional e pela evolução dos algoritmos.

A transformação do marketing

Durante esse período, o marketing começou a se transformar com a chegada do Marketing 4.0, conceito cunhado por Philip Kotler. Ele colocou em evidência a transição do marketing tradicional para o digital, focando na conectividade, no engajamento e no papel crescente das comunidades, e a IA passou a desempenhar um papel crucial nesse processo.

Hoje, com o Marketing 5.0, estamos em uma nova era, na qual a IA, a automação e a análise de dados em massa não só digitalizam processos, mas criam experiências personalizadas e profundas para os consumidores.

IA em 2024: muito além da automação

Em 2024, a IA vai muito além de automações operacionais; ela transforma como as empresas tomam decisões estratégicas, preveem tendências e personalizam experiências. A evolução de tecnologias, de simples prompts para APIs complexas, permitiu que a IA fosse aplicada em contextos de negócios cada vez mais específicos e impactantes. Não se trata apenas de eficiência, mas de oferecer ao consumidor a sensação de exclusividade.

Neuromarketing e a personalização

De acordo com um estudo da McKinsey, empresas que investem em IA de maneira estratégica estão criando novas fontes de receita e vantagens competitivas, não apenas automatizando processos. Um dos maiores impactos da IA no marketing está na combinação com neuromarketing, uma área que explora como o cérebro humano reage a estímulos emocionais. Ao personalizar a experiência do cliente de maneira dinâmica e em tempo real, a IA consegue ativar regiões cerebrais ligadas à recompensa e satisfação, criando um vínculo mais profundo e aumentando a lealdade dos consumidores.

Essa capacidade de personalização é crucial, especialmente em um momento em que 75% das empresas não atingiram suas metas de marketing e 74% falharam nas de vendas, segundo o relatório de 2024 da RD Station. Nesse cenário, a IA se destaca como uma ferramenta essencial para tentar reverter essa tendência, ajudando as marcas a alinhar suas campanhas ao comportamento e às preferências individuais dos consumidores.

Dados do relatório de “Personalização do índice de tendências do consumidor 2024” da Marigold revelam que diferentes gerações respondem de formas distintas à personalização:

  • Geração Z (18–26 anos): 64% estão mais propensos a se engajar com mensagens alinhadas ao propósito da marca. Eles buscam autenticidade e são atraídos por conteúdos exclusivos e comunidades de marca. Contudo, 51% se frustram com personalizações excessivamente automatizadas e irrelevantes.
  • Millennials (27–42 anos): 66% valorizam o propósito da marca, mas estão mais engajados em programas de fidelidade. 42% se sentem insatisfeitos quando as comunicações não são devidamente personalizadas de acordo com suas expectativas.
  • Geração X (43–58 anos): Focam em conveniência e qualidade, com 59% priorizando esses aspectos ao realizar compras. Embora cautelosos com a privacidade de dados, também ficam descontentes com interações automatizadas que parecem invasivas ou desnecessárias.
  • Boomers (59+ anos): 46% são fiéis a marcas com as quais têm uma conexão de longo prazo e estão dispostos a pagar mais por essa relação. No entanto, essa geração também é intolerante à personalização que não agrega valor real.

 

Desafio da saturação e a busca pelo equilíbrio

Esses dados demonstram que a personalização é mais do que uma tendência; ela é uma necessidade para marcas que desejam construir conexões genuínas com diferentes públicos. Cada geração tem expectativas únicas, e a IA permite que as empresas ajustem suas estratégias para criar um impacto mais profundo e relevante.

Embora as vantagens do uso da IA no marketing sejam evidentes, com o aumento do uso de IA nas interações automatizadas, surge o desafio da saturação. Existe o risco de que, com tantas mensagens personalizadas, a autenticidade e a relevância se percam. Para evitar isso, será fundamental encontrar o equilíbrio entre a escalabilidade e a personalização genuína. A hipersegmentação, é uma abordagem eficaz para manter a relevância ao criar mensagens direcionadas para públicos específicos, evitando a perda de autenticidade nas comunicações.

Marcas que conseguirem gerir essa complexidade estarão à frente, garantindo interações significativas e mantendo a confiança do consumidor em um cenário cada vez mais competitivo e repleto de conteúdo. A IA está, portanto, no centro dessa transformação, oferecendo não apenas eficiência, mas a capacidade de criar experiências únicas e memoráveis para cada consumidor, em todas as etapas de sua jornada.

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Mário Soma
Mário Soma

Cofundador, CEO e Head B2B da Agência Pólvora

Há mais de 35 anos contribui com sua experiência em marketing digital e PR para ajudar empresas a atingirem seus objetivos estratégicos no segmento B2B.